A Opus Dei disse que a reforma da prelazia ordenada pelo papa Francisco não está relacionada com as acusações de "exploração" de um grupo de 43 mulheres que pertenciam à instituição católica.

A Opus Dei na Argentina publicou um comunicado que responde a uma nota publicada pelo site de notícias com sede em buenos Aires Infobae.com em 4 de agosto, intitulada "O conflito interno que eclodiu entre o papa e a Opus Dei por causa das denúncias de 43 mulheres pobres submetidas na 'escola de empregadas'”.

“O artigo publicado no Infobae.com é baseado em especulações e suposições sem fundamentos que forçam conexões entre eventos que não estão vinculados entre si. A Prelazia da Opus Dei nada tem a dizer sobre meras suposições”, diz o texto da Opus Dei na Argentina.

Sobre a reforma da Opus Dei, o Infobae destaca em sua nota que "a decisão do papa começou a tomar forma há um ano, quando 43 mulheres da Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai apresentaram uma denúncia formal ao Vaticano por abuso de poder e exploração”.

A denúncia foi divulgada pela primeira vez em 2021, em meados do ano no jornal argentino La Nación e em novembro na agência Associated Press.

“Num documento de 30 páginas, contaram como a organização as recrutou quando eram adolescentes com a promessa de lhes oferecer educação e as fez trabalhar como empregadas domésticas para membros da Opus Dei por 10, 20 e até 30 anos sem pagá-las”, continua o Infobae em sua nota de quinta-feira (4).

O Infobae também cita “um ex-membro da hierarquia que ainda mantém vínculos com a Obra” que diz que “isso é um golpe muito duro e inesperado. Eles estão furiosos".

Infobae destaca ainda que neste caso “há uma história de recrutamento enganoso, servidão e autoflagelação que durou décadas” com mulheres que eram numerárias auxiliares, ou seja, mulheres encarregadas do trabalho doméstico nos centros e instituições da Opus Dei.

A resposta da Opus Dei

Em sua resposta, a Opus Dei diz que o papa Francisco modificou o documento de constituição da instituição de 1982, para harmonizá-la com a reforma da cúria vaticana que já dura quase uma década e que entrou em vigor em junho de 2022.

Portanto, "a publicação deste motu proprio não tem relação com as acusações feitas por mulheres que pertenciam à Opus Dei".

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Em 22 de julho, a Santa Sé publicou a carta apostólica na forma de motu proprio Ad charisma tuendum (Proteger o carisma), na qual o papa Francisco ordena uma reforma da Opus Dei.

As principais disposições do papa são: o prelado que dirige a Opus Dei de agora em diante não será mais bispo, a instituição deve adaptar seus estatutos, apresentar um relatório anual e não mais a cada cinco anos; e a partir de agora não responderá mais ao Dicastério para os Bispos, mas ao Dicastério para o Clero.

Sobre as acusações de exploração, o comunicado da Opus Dei explica que “em setembro de 2020, apareceu um advogado alegando representar 43 mulheres que pertenciam à Opus Dei sobre sua situação previdenciária nos anos em que prestaram serviços profissionais para iniciativas educacionais e sociais da Prelazia.

“Conforme oportunamente comunicado, as escassas informações fornecidas pelo advogado não foram suficientes para a análise da situação previdenciária de cada caso”, acrescenta.

O texto recorda que o padre Juan Llavallol, vigário regional da Opus Dei na Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai, se encontrou com o advogado em 5 de novembro de 2021 e também “não foi possível conhecer e tratar cada caso pessoal e individualmente, gerando um impedimento para dar uma resposta adequada a cada pessoa”.

Diante desta situação, em 4 de julho de 2022 “começou um processo de escuta aberta”, após o qual a comissão de escuta e estudo criada pela Opus Dei apresentará um relatório ao vigário regional “para que as decisões apropriadas possam ser tomadas”.

“A Prelazia promove este caminho aberto para pedir perdão. Para isso, é preciso conhecer cada caso de forma personalizada, algo que até agora o porta-voz das mulheres impedia”, conclui o texto da Opus Dei.

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